Convergência de mídias
26 de agosto de 1914. Uma data que marcaria a vida de mais 10 milhões de torcedores. E tudo começou com um grupo de imigrantes italianos com o desejo de fundar uma agremiação esportiva que representasse a colônia de seu país no Brasil. Foram algumas reuniões e discussões até chegar a fundação do Palestra Itália, primeiro nome que o clube palmeirense recebeu. Foram 46 imigrantes reunidos no extinto Salão Alhambra, localizado na Praça da Sé, para criarem um dos maiores clubes do Brasil.
O time nasce em um cenário mundial no qual a Itália tem seu território recém consolidada na Europa. O clube surge para representar sua história no outro lado do oceano Atlântico. E foi por isso, que a equipe treinou por meses na Rua Major Maragliano, Vila Mariana (SP), antes de estrear. Sua primeira partida oficial tinha que ser a altura da ideia fomentada pelo grupo de imigrantes: grande e de sucesso.
Assim, quase cinco meses depois de sua fundação, o clube entra em campo, em Votorantim (SP), contra o Savóia. Um amistoso, no dia 24 de janeiro de 1915, que terminou em uma vitória do Palestra, com dois gols, um de Bianco e o outro de Alegretti. Depois de um ano de alguns amistosos, sua estreia no campeonato Paulista aconteceu contra o Mackenzie, no dia 13 de maio de 1916. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Mas para o time palestrino, esse resultado era favorável. O adversário era o último vice-campeão estadual.
Seguindo a história do clube, no ano de 1917, a equipe conquista seu primeiro vice-campeonato, mas, além disso, enfrenta pela primeira vez o time que se tornaria seu maior adversário, o Corinthians. Caetano se transforma o nome do jogo e, com três gols, se torna o primeiro goleador do clássico derby paulista, um dos maiores clássicos brasileiros.
A trajetória do time remonta ações histórias. Durante a época que a Gripe Espanhola destruía a Europa, o clube abriu suas portas para, ali, se fazer um hospital. Essa ação cativou o povo, que fez coro para o Palestra voltar a competir, já que tinha se afastado da competição como resposta a sensação de perseguição dos clubes que participavam também da APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e participavam do campeonato.
O ano de 1920 foi de inúmeras conquistas. Uma delas foi o título do campeonato Paulista pela primeira vez. A outra foi a compra do estádio Parque Antarctica, no qual já realizava mando de jogos, mas só conseguiu tê-lo como seu com o apoio da Companhia Matarazzo. E para marcar um ano histórico, a goleada de 11 a 0 sobre o Internacional estabeleceu sua maior goleada nesses anos de história.
A partir daí, muitos jogos memoráveis. O primeiro jogo internacional de sua história, contra a Seleção Paraguaia, levando a vitória de 4 a 1, é uma dessas grandes lembranças. E o título da Copa dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo, em 1926, marca a primeira taça interestadual.
A década de 30 foi um momento áureo do clube. Conquista de títulos importantes, como os campeonatos paulista de 1932, 1933 e 1934. Faturou o campeonato estadual de 1936 e 1940. E levou seu primeiro Torneio Rio-São Paulo para o Parque Antarctica. Além dos títulos, o clube marcou goleadas históricas. Em 1932, fez 8 a 0 contra o Santos. Um ano depois, foi a vez do Corinthians sofrer a mesma goleada de 8 a 0.
No Pacaembu, estádio municipal, o Palmeiras também teve seu momento de protagonismo. Ele foi o primeiro clube a conquistar um título dentro das quatro linhas de lá. A vitória contra o Corinthians, por 1 a 0, pelo campeonato Paulista de 1940, marcou o primeiro torneio do ambiente.
Chega 1942. Momento que Palestra Itália se transforma em Sociedade Esportiva Palmeiras. Durante a Segunda Guerra Mundial, o time precisou mudar de nome, pois o governo decretou a proibição do uso de nomes relacionados aos países que faziam parte do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) por entidades. Nessa mesma década, o clube se tornou o maior campeão do estado, com a conquista campeonato paulista em 1944, 1947 e 1950. E esse ano também foi marcante para o clube pela composição de seu hino, por Antonio Sergi, ex-maestro, regente, arranjador e professor.
Em 1951, o primeiro campeonato mundial de clubes (Copa Rio) é disputado no Brasil. A decisão foi entre o Palmeiras e o Juventus, na qual o time palmeirense levou a melhor por combinação de resultados. Tornava-se, então, campeão mundial, seguindo os padrões daquele campeonato. Esse título promoveu uma grande comoção na Estação Roosevelt, onde o povo se aglomerou pra reverenciar os campeões.
O primeiro campeonato nacional chegou no ano de 1960. O Palmeiras foi campeão invicto sobre o Fortaleza, ganhando a primeira partida por 3 a 1, no estádio Presidente Vargas, e a segunda por uma goleada de 8 a 2, no Pacaembu. Os anos que seguiriam, trariam uma grata surpresa ao torcedor palmeirense, a Academia de Futebol. O time foi apelidado com esse nome por encantar o público, nos aos 60. Ademir da Guia comandava a equipe. Junto com ele, começa a primeira Academia de consagrados mestres do futebol, como Djalma Dias, Djama Santos, Valdir de Morais, Julinho e outros.
Em 1965, durante uma partida, o Palmeiras representou o Brasil em campo. Toda a equipe, inclusive comissão técnica, foi convocada para inaugurar o Mineirão (BH), disputando a partida contra a seleção uruguaia. Pela Taça Inconfidência, o time foi campeão por 3 x 0 contra o Uruguai. A equipe montada nessa época, era uma das únicos que conseguia disputar partidas em nível equiparado com a equipe santista, que tinha Pelé no elenco.
Ademir da Guia continuou comandando a Academia, que em sua segunda fase, contava com nomes que se tornaram ídolos para o clube, como Leão, Luís Pereira, Edu Bala, César Maluco e Jorge Mendonça. E com a aposentadoria de Ademir, o clube entra em um grande jejum de títulos.
De 1976 a 1993, o torcedor palmeirense precisou ter muita paciência com seu clube do coração. Foi só quando a direção do time uniu-se à Parmalat que as coisas voltaram ao rumo de grandes clubes. A contratação de nomes de peso fez com que o clube revivesse. Daí, o Palmeiras retomou os tempos de vitórias e goleadas e conquistou com elenco marcado por grandes nomes como Evair, Edmundo, Roberto Carlos, Edílson, Zinho, Rivaldo, Veloso e o eterno goleiro alviverde São Marcos.
O Palmeiras, assim, conquista o heptacampeonato brasileiro, em 1994. E, em 1999, o time faturou a taça da Libertadores da América. Foi nesse torneio que Marcos, o goleiro, se torna um grande ídolo para a nação palmeirense. Além de, no ano anterior, conquistar a Copa do Brasil e a Copa Mercosul. Assim, com esses e tantos outros títulos da década, o Palmeiras é nomeado o grande Campeão do Século XX do futebol no Brasil.
Depois do fim da parceria com a Parmalat, o clube voltou a ter uma fase que o torcedor prefere esquecer. O rebaixamento do campeonato brasileiro em 2002 mostra a desestruturação causada no time. A volta para a série A, no ano seguinte, apresenta uma reestruturação política e administrativa, que vem render frutos em 2008, quando o clube volta a levantar a taça pelo campeonato paulista.
Em 2012, um misto de alegrias e tristeza. O clube atinge o patamar de maior campeão nacional da história, com a conquista da Copa do Brasil. Porém, amargaria, pela segunda vez, o rebaixamento pelo campeonato brasileiro. Já com uma nova administração, a atual, a equipe volta a alçar voo na série A do campeonato brasileiro. Em 2014, ano de seu centenário, disputa a série principal do campeonato nacional. Não vai tão bem, mas consegue permanecer entre os 20 melhores clubes do país. No mesmo ano que completou 100 anos, o Palmeiras teve como presente a reabertura de seu estádio, fechado para reforma. E um ano depois, foi muito bem carimbado, com a vitória da Copa do Brasil de 2015, seu último título, o qual intitulou o goleiro Fernando Prass como peça essencial para o time atual paulista.
Por Letícia Rizzo
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